Sensações…

Chuva em Etretat – Claude Monet (1886).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A chuva gélida rebate na metade exposta do meu corpo,

o céu prateado arrebata minha alma presa na terra molhada,

a água azul me balança como as folhas de uma goiabeira,

e o vento? O vento sopra em meu rosto histórias salgadas!

 

Eu sinto na boca as memórias desse mar doce e cruel,

nas profundas vagas dessas águas, as algas cantam,

sua canção conta as lembranças dessa terra antiga,

cantiga de dores e amores, de heróis e vilões, de Homens.

 

E no fundo das nuvens, escondido pela languidez,

o sol fulgaz aparece. Seu calor irradia ondas de luz

nos pelos dos meus braços, sua luz irradia ondas de calor

nas córneas de meus olhos, perpetuando a hipnose.

 

Quase como um ladrão, ele vem e rouba o frio da chuva,

mas preguiçoso, logo vai-se embora, deixando para trás

a falta de um toque vivo e fulgurante. Contudo, o choro

celestial é bem-vindo, pois vem como facas galantes.

 

Então abro meus olhos, e vejo o mar cortar duas serras

verdes como esmeraldas, seus sub-tons adornam a cena,

assim como o canto dos pássaros no ar, que leva a pena

da minha alma, condenada a não poder acompanhá-los.

 

E é neste vestígio de Eternidade que eu vejo a face de Deus,

contemplo seus mistérios e maravilhas, adorando-o por

seus desígnios insondáveis e misericórdias infindáveis.

Quem é glorioso como Tu? Quem é digno de honra, senão Tu?

 

error: