A República exige um partido político forte
Um dos mais célebres liberais brasileiros, o filósofo Antonio Paim crê que Rui Barbosa foi vencido na política por não ter acreditado o suficiente numa necessidade que a República impõe: a existência do partido político. Na visão de Paim, em uma República os partidos políticos naturalmente se fortalecem a cada dia, ad eternum. Seria essa uma máxima [não]republicana.
Essa visão foi anunciada nos anos 60, ainda antes da intervenção militar mas, mesmo assim, não viveu ainda o bastante para ser absorvida por nossos políticos.
Estamos em fevereiro e se não tivéssemos sido agraciados pelo mal que veio para o bem, o “Episódio Bebbiano”, talvez ainda estivéssemos tentando ressuscitar o PSL em pleno ano eleitoral.
Neste ano de 2020 viveremos no Brasil a mais importante eleição minoritária de nossa história. Defendo minha adjetivação:
O processo eleitoral que bate à porta se dará nas funções de vereança e prefeitura. O prefeito, sabemos, é o Poder Executivo municipal que comanda os serviços públicos de sua região. O vereador é o fiscal do prefeito, e é também o legislador municipal.
E o quê diferencia essa eleição minoritária das anteriores? A compreensão que o eleitor brasileiro tem da política pós-impeachment de Dilma Rousseff.
Não vou entrar no mérito da autenticidade e integridade do processo eleitoral de 2014, para mim é indiscutível a existência de fraude na apuração dos votos comandada por Dias Toffoli naquela noite de 27 de outubro. Ignoremos(!) isso para poder manter o foco no ponto central desse texto.
Com a vitória em 2014, logo após o governo catastrófico que a Ensacadora de Vento exerceu a partir de 1/1/2011, o eleitor brasileiro passou mais de dois meses em absoluto torpor. Ninguém acreditava que A Louca havia ganhado, não fazia o menor sentido… o país estava quebrado! A Medida Provisória 579 de 2012, de autoria d’Aquela que Saúda a Mandioca iniciou uma crise que até hoje faz convalescer o corpo do menino Brasil, o tarifaço da energia elétrica. Como podia aquele ser de discursos incognoscíveis se reeleger pelo voto de 40 milhões de desempregados que ela mesma colocara no olho da rua?!
Esse processo de torpor desencadeou-se para um processo de catarse, onde o eleitor brasileiro se deitou no divã das redes sociais e passou a consolar-se, e assim uns aos outros os eleitores foram purgando seus males e fazendo seus mea–culpa. Facebook, Twitter, Instagram e o famigerado Zap foram tomados, de uma hora para outra, por uma avalanche de discussões políticas onde até a bunda da Anitta passou a ser avaliada pelo espectro político.
Nos próximos cinco anos, o que vimos foi a população brasileira decorando os nomes de todos os ministros do STF, indo às ruas aos milhões pedir reforma da previdência e comemorar a não abertura de concursos públicos. Nesse caldo de revolução do pensamento coletivista tupiniquim, o eleitor passou a se preocupar com o nome do Vice-Presidente pois sabe que, se o Presidente cair quem assume é o vice. Passou a se preocupar também com a fidelidade partidária, uma vez que não quer novamente ver deputadas que são mais Bolsonaro que os filhos do Bolsonaro se transformarem em arqui-inimigas do Governo juntamente a deputados que se elegeram na onda bolsonarista e hoje declamam poemas a Rodrigo Maia, levando nosso Kimkianiano Primeiro-Ministro Nota 8 às lágrimas.
Ontem o eleitor mineiro viu o governador liberal Romeu Zema defender a manutenção do ICMS alto. Ver o maior nome eleito pelo Partido NOVO defender faca no pescoço do pagador de imposto faz qualquer um colocar a mão na consciência e falar “opa, peraí!”.
Ao divã de 2015 ninguém quer voltar. Ninguém aguenta mais falar de política no Facebook e nem ver textos sobre liberalismo econômico no Instagram. É urgente a volta das fotos de comida às redes sociais.
É por isso que, neste ano, o brasileiro irá às urnas para completar o que iniciou em outubro de 2018. Não tenha dúvidas de que o eleitor depositará, mesmo que (ainda) na Smartmatic, sua exigência para com todas as lições aprendidas nos últimos cinco anos, e assim os prefeitos e vereadores que tomarão posse em 1º de janeiro de 2021 terão sobre seus ombros uma cobrança que jamais tiveram. Se há 20 anos atrás a preocupação de um Prefeito era a de garantir as dentaduras e cestas-básicas prometidas durante a campanha, agora terá de lidar com o Ministro Tarcísio batendo à porta com um trator gritando “sai da frente que eu quero asfaltar” e um Paulo Guedes, de papel e caneta na mão dizendo “assina aqui esse compromisso de que você é o responsável por todos os serviços públicos municipais”, e tudo isso com Sérgio Moro ao lado, de mão no coldre e sorriso de quem diz “vai pela sombra que eu tô te vendo”.
O Aliança Pelo Brasil vai ficar pronto a tempo de concorrer às eleições de 2020. É necessário uma filtragem máxima que, ao mesmo tempo que não impeça o partido de crescer rápido o impeça de crescer com má-formação. Urge fortificar esse bebê que está para chegar, carece de vitaminarmos esse rebento com o colostro da Mãe Brasil, um partido que nasça brasileiro e cresça Braço Forte. Um guerreiro que faça frente à ameaça socialista que nos cerca pelas fronteiras e além mar.
Que Deus abençoe o Aliança Pelo Brasil, que ele cresça em força e inteligencia a cada dia em que viver.