A ação conservadora no Brasil

Direita Conservadora Brasileira

A simples menção do meu nome no meio bolsonarista causa briga hoje. Exatamente por estar ciente disso, me afastei de todos os canais e pessoas com as quais eu tinha exposição pública, afinal todos eles são amigos meus e não quero que ninguém se prejudique por aparecer ao meu lado.A realidade atual da Direita Conservadora brasileira é uma repetição de algo que já aconteceu diversas vezes ao longo da história, no mundo das artes e do jornalismo. Otto Maria Carpeaux cita, em sua História da Literatura Ocidental, o momento em que durante o barroco europeu, o mecenato na literatura chegou ao fim. A partir de então os escritores que eram financiados pela aristocracia passaram a ter de contar com a venda de seus livros para sobreviver.Atualmente, toda a Direita Conservadora brasileira está vivendo esse momento. As decisões com relação a pauta, retórica e até mesmo estilo (textual e oral) são tomadas de modo a não ofender o consumidor, afinal algo que ninguém pode negar é que o Governo Bolsonaro não financia quem o apoia, cada um precisa pagar suas contas com a venda de seu próprio peixe.Muito depois do fim do mecenato na literatura, George Orwell (1903-1950) escreveu o que viria a ser o grande clássico Animal Farm (A Revolução dos Bichos). Escreveu mas não publicou. O livro foi levado a três editoras diferentes mas todas elas concluíram o mesmo: se publicarmos, o público irá nos punir.Orwell não foi censurado pelo governo britânico, foi censurado pelo dinheiro. O medo dos editores era de que, naquele momento da história da Inglaterra (se aliar ou não ao socialismo para conter a ameaça fascista), ser assertivo demais seria ruim para os negócios. Os editores perguntaram – testemunho do próprio Orwell – se ele não poderia pelo menos trocar os porcos por outra espécie de animal na fábula. O autor não cedeu e a obra só foi publicada anos mais tarde, na Ucrânia.

O medo da opinião pública dita os rumos de qualquer negócio em Comunicação. Da Publicidade e Propaganda ao Jornalismo. O que importa não é a verdade crua, mas conseguir apresentar partes da verdade de forma vendável.O ponto atual do Brasil na Comunicação exige porém mais que sagacidade. Estamos lidando com o destino do País, e no atual momento, lidar com o destino do País significa implodir o sistema putrefato político-institucional do Brasil.Foi justamente pela proposta de implosão que Jair Bolsonaro foi eleito. No pior momento da República brasileira, o pós-Dilma, coube ao eleitor ter ousadia e loucura suficiente para não votar no candidato a Presidente mais sensato, ou no mais entrosado com o Mercado e o Parlamento. O eleitor votou no mais insano dos nomes. E votou por isso mesmo, porque Bolsonaro era o nome da insanidade, da não-conformidade com o sistema.Quem não se lembra das frases marcantes do então deputado? “Vamos fuzilar a petralhada”, “a melhor coisa do Maranhão é o presídio de Pedrinhas”, “…dá que eu te dou outra” ou “Direitos Humanos é o esterco da vagabundagem”?

A maioria dos eleitores entendeu que apenas a ruptura do sistema impediria a volta da esquerda; a volta de um sistema econômico socialista como a “nova matriz econômica” do Mantega, Dilma e Nelson Barbosa; a volta do maior sistema de compra de votos, o Mensalão do PT/PP/PMDB.Aqui está a charada do porquê de eu não estar preocupado com a opinião do público, antes estou desesperado pelo desvendar dos erros. Precisamos romper com o sistema, nada menos que a total ruptura para com o sistema nos livrará de termos a volta do keysianismo na economia e do progressismo na cultura fomentada com dinheiro público.Não há jogada de xadrez que substitua a ruptura do sistema. Todos os que estão apostando no escuro, confiando em uma estratégia nunca apresentada ou acreditando que a permanência do nome Bolsonaro, por si mesma, matará à míngua a Esquerda, está dobrando aposta no erro.Agora não é hora de ter medo da opinião do público. É hora de seguirmos a estratégia do próprio candidato Jair Bolsonaro, que vendo o fim certo em 2018 não diminuiu o ritmo, antes apostou tudo no tudo. É hora de, assim como o grande Orwell, não admitirmos trocar porcos por ovelhas, é hora de abraçar a Verdade e lutar para acordar o povo, pois só o povo tem força para fazer o necessário no Brasil: romper com o sistema.

O trabalho de Comunicação que tenho desenvolvido desde meados de 2018 se destaca por diferentes pontos, cito aqui apenas o que o artigo pede: sustentabilidade.Grande parte dos bolsonaristas nas redes sociais me acusam de “ganhar dinheiro com meu trabalho”. Vou ignorar a idiotice típica socialista nesse discurso (o pecado de ganhar dinheiro) e tratar apenas do elefante que essas pessoas ignoram mesmo estando diante de seus olhos: todos os negócios que estão vivos só o estão porque “dão dinheiro”.

Nenhum projeto após a queda do mecenato sobrevive se não for um sucesso de vendas. Da padaria da esquina à grande indústria. Não deu lucro, fechou.É aqui que grande parte dos projetos de Comunicação bolsonaristas empacou. Como fazer o negócio prosperar sem abrir mão de falar a verdade?Eu já tentei ajudar algumas pessoas que vieram me pedir conselhos mas confesso, não é fácil ser honesto e ser aceito no Brasil. Nossos escritores de sucesso são autores de auto-ajuda e romances espíritas. Nossos músicos de sucesso são funkeiros. Atores brasileiros de sucesso são homens barbados que vestem uma minissaia e interpretam uma empregada doméstica de boca suja. O consumidor brasileiro clama pela publicação daquilo que já conhece. O perfil do consumidor brasileiro é o do homem cansado que, por estar tão surrado pelo Estado, só quer um pouquinho de diversão.

Nessa realidade, os projetos da Direita nasceram e ainda sobrevivem da caridade do público, e aqui está o segundo fator que empaca o avanço do pensamento conservador no Brasil.A saída da inércia por meio da ajuda financeira do eleitor foi essencial, afinal a Direita não tinha dinheiro sequer para imprimir um panfleto de semáforo. Porém, projetos que sobrevivem de caridade são fadados à mediocridade. A única forma de transformá-lo, de um projeto de amigos para um projeto de sucesso, é transformando-o em um produto que vale a pena ser comprado.

Foi isso que eu fiz com o Comunicação e Política, o Media Watch, A Superlive, o Curso de Militância Política, o Curso de Formação Política e a Escola de Conservadorismo. Eu parei de pedir algo para as pessoas e passei a oferecer algo a elas. Eu não tenho financiadores, tenho clientes. As pessoas não me ajudam, eu é que as ajudo.Enquanto a Direita Conservadora no Brasil não aprender essa lição, continuará fazendo um trabalho amador e vivendo de dinheiro doado. E quem vive de dinheiro doado não tem independência, antes é dependente do doador.

O Brasil precisa crescer, e isso envolve principalmente o crescimento do público. Os produtores de conteúdo já cresceram demais, chega. Agora é hora de começarem a devolver um pouco da caridade que lhes foi dada. Ajudem o eleitor bolsonarista a se tornar maduro. Assim como disse São Paulo apóstolo, no início foi dado o leite espiritual mas agora é chegada a hora do alimento sólido.Estamos em um momento vital de nossa vida social. Ou crescemos ou seremos destruídos.

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