Viciados no futuro da nação

Política vicia.

A ideia de que o destino da nação está em suas mãos e, assim, você precisa estar atento e atuante sete dias por semana é uma mentira e funciona como um jogo, onde o apostador tem muito a ganhar e a perder, sendo o resultado correspondente à sua atenção e dedicação. Essa ideia diabólica atingiu em cheio o Brasil com o advento das redes sociais, momento em que todos os cidadãos passaram a ter a possibilidade de estarem conectados à informação. A ideia é tão sedutora quanto seria se todas as contas bancárias fossem conectadas à bolsa de valores, e por meio do aparelho celular, cada correntista pudesse ganhar ou perder dinheiro de segunda a segunda, a depender de sua atenção e dedicação.

Aconteceu o óbvio: entramos na “Era da Ludomania Política”. Vivemos o tempo em que todos estão conectados ao “jogo político” e, como todo apostador viciado, os jogadores aqui incorrem nos erros comuns da vida na mesa de apostas, tais como pensar apenas no jogo, abandonar outros prazeres, se desfazer de bens materiais e imateriais para se dedicar mais às partidas e cair no all-in — que é o golpe de morte na vida do jogador — a ideia de que é preciso apostar todas as fichas nA partida para ganhar o prêmio que lhe permitirá nunca mais ser dependente das apostas.

Uma grande ilusão que ceifou milhões de vidas ao longo dos séculos e, nos último anos, arrebatou milhares de brasileiros para o grande Cassino Brasília, o submundo do Cerrado onde os grandes jogadores se reúnem para partidas jogadas às escuras, e onde cada resultado não expressa claramente quem venceu e quem perdeu, apenas acena para os apostadores que estão espalhados pelo Brasil que é preciso acreditar, pois o grande prêmio virá e será repartido entre todos.

Nessa aposta já foram lançados todos os tesouros de nossa geração, amigos, diversão, cultura, religião… nada hoje existe independente de estar referenciado aos lados opostos do jogo político. Até mesmo uma garotinha de 13 anos que vence uma competição de skate no outro lado do mundo, após levantar o troféu passa a ser imediatamente cobrada quanto à cor de suas apostas — o noir e o rouge deram vez ao verde e amarelo e o vermelho.

Não perca sua vida nessa mesa de apostas, não abandone família, amigos, vida… não abandone a Deus por essa aposta miúda, o destino da nação não está em suas mãos. Na verdade, nem sua própria vida está em suas mãos, todo o universo está naquelas mãos cravadas no Calvário, e a grande aposta já foi vencida no terceiro dia.